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Economia de Nova Friburgo mostra recuperação

Depois da catástrofe de janeiro de 2011, a cidade começa a se recuperar. Keystone

Quase um ano e meio após a tragédia de janeiro de 2011, Nova Friburgo luta para se recuperar e já dá demonstrações de que a volta por cima da economia friburguense começou definitivamente a ser dada.

Fundada em 1819 por imigrantes suíços, Nova Friburgo desde cedo afirmou sua condição de pólo econômico na Região Serrana do Rio de Janeiro. Por influência direta de seus primeiros habitantes, lá se desenvolveram ao longo dos anos setores diversos como o têxtil, a floricultura e o metal-mecânico, entre outros. Essa saúde econômica, no entanto, sofreu um duro baque com as enchentes e deslizamentos de terra que atingiram a cidade em janeiro de 2011, provocando mortes e prejuízos materiais.

De acordo com o Sindicato das Indústrias de Metal Mecânico da Região Serrana, a atividade do setor em Nova Friburgo já está praticamente normalizada. A cidade é responsável por 17% de toda a produção brasileira, e o setor metal-mecânico representa 35% da economia friburguense. A destruição de pontes, ruas, galpões e equipamentos na tragédia do ano passado, no entanto, provocou uma freada brusca nos planos de expansão: “O objetivo agora é recuperar o lugar dessa atividade tão importante para Nova Friburgo. Hoje, ela já está quase 100% normalizada e proporciona 4,5 mil empregos diretos”, diz Cláudio Tângari, que é presidente do sindicato.

Também característico da economia de Nova Friburgo, o setor de confecções e malharias é outro que dá sinais de franca recuperação. De acordo com a Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), esse setor já voltou a empregar na cidade os cerca de dez mil trabalhadores que nele atuavam antes das enchentes de 2011. Trinta por cento das confecções do estado estão situadas em Nova Friburgo, e o pólo de moda íntima da cidade é responsável por 25% da produção nacional.

O mesmo acontece com o setor de floricultura. A atividade mobiliza em Nova Friburgo, segundo dados do IBGE, 220 floricultores que produzem anualmente para o mercado nacional cerca de 2,5 milhões de maços de flores como rosas, cravos, lírios e crisântemos, entre outras. Muito afetados pelas enchentes e pela falta de energia elétrica prolongada que as sucederam, bairros produtores como Vargem Alta e Stucky estão sendo recuperados desde o início deste ano, graças à liberação pelo governo estadual de R$ 5 milhões do fundo Rio Rural Emergencial para 694 projetos de reconstrução da produção apresentados por agricultores familiares.

A disposição predominante entre os cidadãos friburguenses é pela retomada de uma agenda positiva capaz de recolocar definitivamente a economia da cidade de volta aos trilhos. Nos dias 10 e 11 de maio, será realizado no Teatro Municipal de Nova Friburgo o Seminário Serrano de Economia Criativa, que deverá reunir cerca de 400 empreendedores para discutir inovações e apresentar casos de sucesso em áreas com grande potencial de crescimento na região, como moda, gastronomia, entretenimento e audiovisual, entre outras.

Otimismo

O seminário é organizado pelo Instituto Serrano de Economia Criativa (ISEC), em parceria com a produtora Lausanne: “Nosso maior objetivo é inserir a economia criativa no processo de retomada do desenvolvimento de Nova Friburgo e dos demais municípios da região. As oportunidades de negócio existem, o clima aqui é de otimismo”, afirma Michelyne Silveira, que é descendente de suíços, dona da produtora e integrante do ISEC.

Outro evento que dinamizará a agenda econômica de Nova Friburgo acontecerá em 15 de maio, com a realização da rodada de negócios do Programa Compra Rio, promovida pela Secretaria Estadual de Desenvolvimento Econômico. Nesse caso, a ideia é incentivar a retomada dos setores de construção e metal-mecânico: “Colocaremos em contato direto as empresas fornecedoras da cidade e os departamentos de compras de grandes corporações”, explica Dulce Procópio, que é subsecretária estadual de Comércio e Serviços.

Promessas não cumpridas

Se, por um lado, Nova Friburgo começa a se aproximar do patamar econômico que conhecia antes da tragédia ocorrida há um ano e meio atrás, por outro muito pouco foi feito desde então para resguardar a cidade dos efeitos de novas enchentes ou proteger a população que ainda vive em áreas de risco. Novos temporais ocorridos durante o mês de abril _ a última chuva forte aconteceu no feriado de 1º de maio _ provocaram cheias nos principais rios que cortam a cidade (Rio Bengalas e no Córrego D’Antas) e levaram aos friburguenses o temor de que o pesadelo se repetisse.

Com recursos de R$ 15 milhões provenientes do Fundo Estadual de Conservação Ambiental (Fecam), o Governo do Rio de Janeiro tem feito o trabalho de dragagem e recuperação das margens nos dois rios desde o ano passado, mas o serviço ainda não foi concluído. Também não foram até agora liberados pela Caixa Econômica Federal (CEF) os R$ 147 milhões previstos para os trabalhos de reflorestamento e construção de um parque fluvial em Córrego D’Antas e para a construção de uma barragem contra enchentes no Rio Bengalas.

O cumprimento das medidas paliativas anunciadas pelas autoridades logo após a tragédia também enfrenta problemas. Das cinco mil famílias vitimadas pelas chuvas em Nova Friburgo e cadastradas para receber do governo estadual o aluguel social de R$ 500, apenas 2,8 mil famílias estão de fato recebendo o benefício. A construção de novas moradias para as famílias que tiveram suas casas destruídas também ainda não saiu do papel. De um total de 2,1 mil casas planejadas para Nova Friburgo, apenas 500 estão sendo finalizadas, com previsão de entrega somente para o fim de 2012, quase dois anos após a tragédia.

Acusados de improbidade administrativa pela 1ª Promotoria de Justiça de Tutela Coletiva do Ministério Público, o ex-prefeito de Nova Friburgo, Dermeval Moreira Neto, e o ex-secretário municipal de Obras, Hélio Gonçalves, estão com seus bens indisponíveis desde fevereiro de 2012 por determinação da 2ª Vara Cível de Nova Friburgo.

Os dois são apontados pelo gasto irregular de R$ 289 mil repassados de forma emergencial pelo governo federal logo após a tragédia de janeiro de 2011.

 Os recursos teriam beneficiado a empresa Venire Construtora Ltda., contratada para executar obras que não ocorreram e também citada na ação do Ministério Público.

Rio de Janeiro

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