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Suíça participa de encontro mundial de flora no Brasil

O esforço é de catalogar e registrar todas as espécies de plantas do planeta, muitas das quais ameaçadas. Reuters

O Jardim Botânico de Genebra foi uma das instituições que participaram do encontro internacional realizado no Brasil pelos integrantes do projeto Flora do Mundo Online (World Flora Online – WFO), desenvolvido pela ONU. 

Dois grupos de trabalho – Tecnologia e Taxonomia – se reuniram entre os dias 19 e 23 de outubro, no Jardim Botânico do Rio de Janeiro, com o objetivo de definir os próximos passos para a elaboração de uma publicação online que trará informações catalogadas sobre todas as plantas conhecidas no mundo.

Lançado em 2012, durante a 11ª Conferência das Partes (COP-11) da Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB) da ONU, o projeto deverá estar concluído até 2020. Sua elaboração é a meta número um de um conjunto de 16 metas adotadas no âmbito da Estratégia Global para Conservação de Plantas (Global Strategy for Plant Conservation – GSPC) definida pelas Nações Unidas.

O Projeto WFOLink externo é coordenado por um consórcio de instituições de pesquisa em Botânica, do qual fazem parte, além dos representantes de Brasil e Suíça, os jardins botânicos de Londres (Inglaterra), Nova York e Missouri (ambos nos Estados Unidos). O encontro realizado no Rio contou também com especialistas de África do Sul, França, China, Irlanda, Bélgica, Alemanha, Holanda e México.

“O encontro mostrou uma vontade afirmada de seus integrantes em chegar a um resultado. Foi uma ocasião excepcional para reunir nossas forças em torno de um projeto comum que deverá, ao seu fim, permitir o compartilhamento dos dados de referência botânica com o mundo inteiro e gratuitamente”, afirma Pierre-André Loizeau, diretor do Jardim Botânico de Genebra, que participou do encontro no Rio.

O suíço, no entanto, alerta para as dificuldades ainda enfrentadas pelo projeto: “O maior problema é ligado ao fato que, no momento, o projeto repousa inteiramente sobre os recursos que seus integrantes podem colocar à disposição. Em se tratando de um trabalho colaborativo que interessa ao mundo inteiro, uma fonte de financiamento externo deveria ser encontrada para lhe permitir avançar mais rapidamente e assegurar a disponibilidade gratuita das informações em longo prazo”, avalia.

Além de Loizeau, que foi eleito co-presidente do Conselho da WFO ao lado do norte-americano Peter Wyse Jackson, diretor do Missouri Botanical Garden, a representação suíça no encontro de grupos de trabalho do projeto realizada no Rio foi composta por Raoul Palese, responsável pelo setor de Conservação e Informática do Jardim Botânico de Genebra.

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A instituição suíça, explica Loizeau, participa do projeto oferecendo o módulo de gestão da nomenclatura das espécies catalogadas: “Trata-se de um instrumento informático colaborativo que permite gerir os nomes das plantas e seus sinônimos diretamente pela internet, segundo uma organização hierárquica que é diferente em função das floras reunidas. Este módulo de nomenclatura que faz parte de um instrumento de gestão de coleções botânicas foi inteiramente desenvolvido em Genebra e foi plebiscitado pelo Conselho da WFO durante o congresso do Rio”, diz.

Intercâmbio

Anfitrião do encontro, o brasileiro Eduardo Dalcin, representante do Jardim Botânico do Rio de Janeiro na WFO, falou sobre a importância das discussões: “Minha avaliação do encontro é positiva. Progressos foram feitos na área tecnológica, com um protótipo do sistema aprovado, e um conjunto inicial de dados foi selecionado para ser carregado no sistema, até a próxima reunião, em abril de 2016”.

Coleção original

A mais recente lista global de espécies de plantas foi elaborada no século XIX, graças ao trabalho de Augustin Pyramus de Candolle e de seu filho Alphonse, que publicaram em 17 volumes as cerca de 58 mil espécies conhecidas na época. A família de Candolle é genebrina, e a coleção original deste trabalho se encontra no herbário do Conservatório e Jardim Botânico da Cidade de Genebra, instituição fundada por Augustin Pyramus de Candolle em 1817.

Dalcin não vê maiores dificuldades para o atingimento da meta estabelecida pela GSPC: “É importante perceber que o que estará online é o conhecimento atual disponível. Não há geração de conhecimento novo previsto no escopo do projeto, que é destinado a preencher as lacunas do conhecimento, que ainda existem”, diz.

Paralelamente ao encontro do projeto WFO, foi também realizada a reunião anual do Comitê da Flora do Brasil Online 2020 com a participação de 23 pesquisadores de todas as regiões e biomas do país. O projeto FBO 2020 é coordenado pelo Jardim Botânico do Rio de Janeiro e tem como principal objetivo “consolidar uma flora nacional monografada (incluindo algas, fungos e plantas) em uma plataforma que possa ser integrada com o modelo que está sendo desenvolvido para a WFO”.

A oportunidade, avalia Dalcin, foi bem aproveitada para promover uma inédita interação entre pesquisadores brasileiros e estrangeiros: “Os envolvidos com a elaboração da Flora do Brasil Online conheceram a iniciativa da Flora do Mundo Online em detalhes. Além disto, os membros da Flora do Mundo Online puderam conhecer a abordagem brasileira para chegar em 2020 com sua flora organizada, publicada online, e pronta para ser compartilhada e fazer parte da Flora do Mundo”.

Continuidade

A reunião anterior dos integrantes do projeto WFO, realizada em janeiro, foi organizada pelo CJBG e subvencionada pelo Escritório Federal de Meio Ambiente da Confederação Suíça: “A Suíça já demonstrou seu interesse. Esperamos que este esforço tenha continuidade”, diz Loizeau, lembrando que “o CJBG depende inteiramente do apoio da cidade de Genebra”.

O especialista suíço está confiante no sucesso do projeto: “Acho que construiremos um portal na web que comportará todas as funcionalidades necessárias e um grande número de floras eletrônicas ao final do prazo, em 2020. Será necessário mais tempo para incorporar as floras editadas em papel, pois elas precisam passar por um longo e caro processo de digitalização que ainda não tem seu financiamento assegurado. Em todo caso, este trabalho já foi iniciado por algumas instituições como, por exemplo, o Jardim Botânico de Nova York”, diz.

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