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Suíça como mensageiro diplomático

Quão bons são os “bons ofícios” da diplomacia suíça?

Engineers fix Aramco s oil operator at processing facility
Engenheiros sauditas consertam uma usina de refinamento de petróleo avariada pelo ataque de 14 de setembro. Os EUA acusam o Irã. A Suíça representa não só os interesses do Irã na Arábia Saudita e os da Arábia Saudita no Irã, como também os interesses americanos no Irã. Keystone

Com o aumento das tensões e dos preços do petróleo no Oriente Médio, o papel da Suíça como intermediária entre os EUA e o Irã voltou aos holofotes, com o Ministério das Relações Exteriores oferecendo seus "bons ofícios". Mas quais são esses bons ofícios, e por que a neutra Suíça está se envolvendo? 

“Quando dois países declaram guerra um contra o outro, a primeira coisa que fazem é quebrar as relações diplomáticas. É a coisa mais tola que podem fazer, mas é o que sempre acontece”, disse à swissinfo.ch em 2013 Philippe Welti, ex-embaixador suíço aposentado no Irã.

“Assim que dois países rompem relações diplomáticas, a necessidade de cuidar das relações torna-se mais urgente, uma vez que você não está fazendo isso sozinho. Você precisa de um terceiro para fazê-lo e como a Suíça não foi parte em nenhuma das batalhas da década de 1940, foi considerado particularmente apropriado pedir aos suíços que cuidassem de vários interesses”. 

E isso ainda é assim, explica o Ministério das Relações Exteriores. “A Suíça pode construir pontes onde outros são impedidos de o fazer, porque não pertence a nenhum bloco de poder e não segue uma agenda oculta”. 

Esta construção de pontes assume a forma de bons ofíciosLink externo e de mandatos de proteção do poderLink externo, que o ministério diz “se refere a todas as iniciativas diplomáticas e humanitárias de um terceiro país ou de uma instituição neutra, cujo objetivo é resolver um conflito bilateral ou internacional ou trazer as partes à mesa das negociações”.

Na prática, isto significa ser um canal de comunicação. Welti disse que três condições são necessárias para o sucesso. “Esse arranjo tem que funcionar tecnicamente, de modo que as mensagens possam passar por este canal a qualquer hora do dia e da noite. Ele também deve ser completamente confidencial. E tem de ser completamente imparcial e leal à mensagem – porque quando se trata de uma mensagem oral há sempre o potencial para que o terceiro a altere. Nada de mim deve estar na mensagem”. 

Longa tradição 

Quer se trate de agir como mensageiro entre dois Estados sem relações entre si ou de tentar ativamente mediar e intermediar uma resolução, os bons ofícios da Suíça têm uma longa tradição. 

A nação alpina atuou pela primeira vez como uma potência protetora no século 19, quando cuidou dos interesses do Reino da Baviera e do Duque de Baden na França durante a Guerra Franco-Prussiana de 1870-71. 

O “período de ouro” para os chamados mandatos de proteção de poder foi durante a Segunda Guerra Mundial: em 1943-44, a Suíça fazia malabarismos com 219 mandatos para 35 estados. 

A Guerra Fria também resultou na demanda por serviços suíços, com 24 mandatos em 1973. Desde então, porém, o número de mandatos caiu para seis: Irã no Egito, Estados Unidos no Irã, Rússia na Geórgia, Geórgia na Rússia, Irã na Arábia Saudita e Arábia Saudita no Irã. 

A Suíça pode oferecer-se para agir como intermediária por sua própria iniciativa ou pode desempenhar esta função a pedido das partes interessadas, desde que todas as partes envolvidas estejam de acordo. Por exemplo, a Suíça anunciou em abril que representaria os interesses dos EUA na Venezuela sob um acordo de “bons ofícios”, mas isso requer a aprovação da Venezuela antes que possa entrar em vigor. 

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