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Mobility: o sistema onde todos partilham o mesmo veículo

Cada vez mais suíços abandonam o carro próprio para usar os veículos do Mobility. Keystone

Cada vez mais pessoas na Suíça dirigem automóveis sem precisar possuir um através do Mobility. O maior sistema de partilha de veículos da Europa já tem mais de 70 mil clientes na Suíça e festeja dezesseis anos de sucesso.

Os aspectos mais importante do Mobility não são luxo ou prestígio, mas sim flexibilidade, proteção ao meio ambiente e economia para o bolso do motorista.

O carro “à la carte”, um táxi sem chofer: essa é a fórmula reduzida do Mobility. O cliente Oskar von Arb prefere uma análise mais ampla: – “Eu tenho 1.800 automóveis ao invés de um só, com a vantagem que não preciso limpá-los ou me preocupar com o seguro, troca de pneus ou manutenção do motor”.

A resposta a esse “milagre” da multiplicação vem do termo em inglês “Car Sharing”, que é mais adequado para explicar sistemas como o Mobility do que “carona organizada” ou “partilha de carros”.

Mobility, uma empresa fundada em maio de 1997, tem hoje 72 mil clientes e se considera a maior plataforma de veículos partilhados da Suíça.

Mudança de visão

O último veículo alugado por Oskar von Arb foi um Smart. Ele utilizou-o para percorrer os dez quilômetros trajeto do vilarejo que reside, Kirchlindach, até Berna. Para devolver o carro ele simplesmente estacionou-o no espaço reservado para o Mobility na estação de trem da capital suíça.

“Depois que o meu último carro quebrou, decidi me tornar cliente do Mobility. Isso foi em 2000. Eu achei o sistema bem barato e também queria dirigir menos”, conta o terapeuta de jovens. Seu principal desejo era acabar com viagens “inúteis” como, por exemplo, para comprar cigarro.

Oskar von Arb não abandonou completamente o transporte motorizado, mas agora ele dirige de uma forma diferente. A maior mudança é que agora ele pensa mais nos gastos. “Eu sempre me perguntava se precisava realmente entrar no carro para fazer algo. Se pensamos pouco no meio-ambiente, pelo menos podemos pensar no dinheiro que estamos desperdiçando”, explica, adicionando que nunca foi proprietário de um carro tão pequeno como o Smart.

Se no passado o suíço chegava a percorrer entre 10 e 12 mil quilômetros por ano, hoje ele dirige apenas um quarto disso. Curioso é que ele não sente que está limitado. “Eu não preciso sentar num automóvel quando estou passando férias aqui mesmo na Suíça. Isso pois eles estão por todos os lados nos destinos que eu me interesso”. Na sua opinião, a única desvantagem é que os veículos do Mobility precisam ser devolvidos nos mesmos lugares de onde eles foram retirados.

Combinação trem-automóvel

Como proprietário de um passe-livre de um ano da Companhia Suíça de Trens (SBB), o famoso cartão “GA”, Arb é um típico cliente do Mobility. Afinal, seu principal objetivo é a utilização flexível de diferentes tipos de meios de transporte.

“O ótimo sistema de transporte que dispomos na Suíça, com seus ônibus, trens e bondes, fornece as condições ideais”, acrescenta Karl Heusi, diretor-geral da Mobility. Os transportes públicos têm uma rede densa espalhada em todo o país, um fator permite a utilização mais racional do automóvel.

Do sistema também faz parte a bicicleta, que traz grandes vantagens para a locomoção nas grandes cidades. A utilização dessa inteligente combinação de meios de transporte pode ser medida. Segundo um estudo do Ministério de Energia da Suíça realizado em 2006, cada cliente do sistema de partilha de carros reduz em 200 quilos por ano o lançamento de CO2 na atmosfera. Dessa forma, a atmosfera recebeu 11 mil toneladas a menos do gás danoso ao clima.

Custo e eficiência

Karl Heusi ressalta a questão da “flexibilidade” como um dos maiores trunfos do modelo Mobility. “O carro próprio está sempre no mesmo lugar. Já os nossos veículos estão em mil diferentes estações por toda a Suíça”. Além disso, os clientes só pagam pela duração efetiva do uso. Um carro comum está 23 horas por dia parado, mas trazendo custos para o bolso do proprietário, calcula Heusi.

Apesar de o chefe estar satisfeito com o desenvolvimento do Mobility – no ano passado o número de clientes aumentou em 10% – ele não vê motivos ainda para comemorar. O potencial ainda não foi esgotado. “Muitas pessoas ainda não conhecem a nossa oferta. Precisamos investir mais em comunicação e propaganda”.

Liberdade x responsabilidade

Também existem outros pontos pendentes. “Uma visão está clara: o ideal é que em cada esquina nós tenhamos um veículo da Mobility”, sonha Heusi. No caso das grandes cidades suíças, este objetivo praticamente já foi alcançado. Porém a empresa acredita que ainda pode melhorar ainda mais sua oferta.

Também na questão do atendimento existem possibilidades de melhora. Uma delas é acabar com a obrigatoriedade da reserva. A situação ideal é o cliente entrar espontaneamente no carro e partir.

Para ressaltar que o sistema de partilha de carros não significa mais carros nas ruas, Oskar von Arb filosofa: – “Mobility é uma forma de abstinência, ou seja, nós dirigimos um carro, mas de uma forma mais consciente e responsável”.

swissinfo, Renat Künzi

Com 71.300 clientes na carteira, 1.850 veículos e 1000 postos de atendimento, Mobility é o maior serviço de partilha de automóveis da Europa.
O público-alvo: motoristas privados e de empresas.
Como se associar: inscrição única para entrar na cooperativa no valor de 1000 francos suíços (dinheiro é restituido no fim da participação).
Anualidade: 190 francos (apenas caso o cliente disponha de cartões de usuários da Companhia Suíça de Trens – GA ou Halbtax).
Assinatura combinada (com cartões-cliente de algumas companhais regionais de transporte como a de Zurique): 25 francos ao ano.
Custo/hora de um veículo do Mobility como o Smart: 2,70 (dia) e 60 centavos (noite.
Furgão da Mercedes: 4,20 (dia) e 60 centavos (noite).
Taxas por quilômetro para o Smart: 52 centavos até 100 quilômetros percorridos; a partir de 101 quilômetros o preço desce para 26 centavos.
Furgão da Mercedes: 90 centavos até 100 quilômetros; 45 centavos a partir dos 101 quilômetros.

Mobiliy e a Fundação Klimarappen lançaram um projeto conjunto em prol da redução das emissões de CO2.

Objetivo. até 2001 conquistar 50 mil novos clientes para o sistema Mobility, o que pode representar uma economia de até 30 mil toneladas de CO2. Base. cada cliente economiza 200 quilos de CO2 (estudo do BFE de 2006).

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